terça-feira, 28 de julho de 2009

A igreja que não existe mais!

Retirei os quatro artigos do site do Pr. Ariovaldo Ramos (link em "Eu recomendo"). O post ficou um pouco extenso, mas não dá para condensar sem perder conteúdo. Para quem repensa a fé nos dias atuais, vale a pena ler... e no final... pedir perdão.

A IGREJA QUE NÃO EXISTE MAIS (1)

“Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens e os repartiam por todos, segundo a necessidade de cada um. E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E cada dia acrescentava-lhes o Senhor os que iam sendo salvos.” Atos 2. 43-47

Na época do surgimento da Igreja do Novo Testamento, a palavra igreja significava, apenas, uma reunião qualquer de um grupo organizado ou não. Assim, o texto nos revela que havia um grupo organizado em torno de sua fé (Todos os que criam estavam unidos) – todos acreditavam em Cristo.

Segundo o texto, os participantes do grupo do Cristo não tinham propriedade pessoal, tudo era de todos (tinham tudo em comum)– os membros desse grupo vendiam suas propriedades e bens e repartiam por todos – e isso era administrado a partir da necessidade de cada um; e se reuniam todos os dias no templo; e pensavam todos do mesmo jeito, primando pelo mesmo padrão de vida (unânimes); e comiam juntos todos os dias, repartidos em casas, que, agora, eram de todos, uma vez que não havia mais propriedade particular; e eram alegres e de coração simples; e viviam a louvar a Deus; e todo o povo gostava deles, e o grupo crescia diariamente. Diariamente, portanto, havia gente acreditando em Cristo, se unindo ao grupo, abrindo mão de suas propriedades e bens e colocando tudo a disposição de todos.

Essa Igreja era a Comunhão dos santos – chamados e trazidos para fora do império das trevas, para servirem ao Criador, no Reino da Luz.

Essa Igreja não precisava orar por necessidades materiais e sociais, bastava contar para os irmãos, que a comunidade resolvia a necessidade deles.

Deus havia respondido, a priori, todas as orações por necessidades materiais e sociais, fazendo surgir uma comunidade solidária.

O pedido: “O pão nosso de cada dia, dá-nos hoje. (MT 6.9) ” estava respondido, e diariamente.
Então, para haver o “pão nosso” não pode haver o pão, o bem ou a propriedade minha, todos os bens e propriedades têm de ser de todos.


Mais tarde, eles elegeram um grupo de pessoas, chamadas de diáconos – garçons, para cuidar disso (At 6.3). Então, diante de qualquer necessidade, bastava procurar os garçons, que a comunidade cuidava de tudo. Era o princípio do direito: se alguém tinha uma necessidade, a comunidade tinha um dever.

Essa Igreja não existe mais!


A IGREJA QUE NÃO EXISTE MAIS (2)

“Está doente algum de vós? Chame os anciãos da igreja, e estes orem sobre ele, ungido-o com óleo em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.” Tg 5.14-15

Os membros da comunidade do Cristo não precisavam orar por cura física, bastava procurar os presbíteros: lideres eleitos pelo povo, a partir de suas qualidades como cristãos (1Tm 3.1-7); que eles ungiriam com óleo, que representa a ação do Espírito Santo, porque é o Espírito Santo, quem unge e cura (Lc 4.18), e a pessoa seria curada; claro, sempre segundo a vontade do Senhor, porque essa é a regra de ouro: “Venha o teu Reino, seja feita a tua vontade, assim na Terra como no Céu." (Mt 6.10)
Os crentes em Jesus de Nazaré, não precisavam fazer varredura espiritual para ver se tinham qualquer problema, parecido com o que hoje é chamado de maldição hereditária, ou similar. A oração dos presbíteros ministrava o perdão de Deus, conquistado por Cristo na cruz e na ressurreição.


Deus havia respondido todas as orações por cura física pela instituição de presbíteros, que tinham a autoridade para ministrar o poder de Cristo sobre a enfermidade, segundo a vontade de Deus, dependendo, portanto, apenas, do que o Altíssimo tivesse decidido sobre a pessoa em questão.

Essa Igreja não existe mais!

A IGREJA QUE NÃO EXISTE MAIS (3)

Pelo que orava a Igreja do Novo Testamento?

“Mas eles ainda os ameaçaram mais, e, não achando motivo para os castigar, soltaram-nos, por causa do povo; porque todos glorificavam a Deus pelo que acontecera; pois tinha mais de quarenta anos o homem em quem se operara esta cura milagrosa. E soltos eles, foram para os seus, e contaram tudo o que lhes haviam dito os principais sacerdotes e os anciãos. Ao ouvirem isto, levantaram unanimemente a voz a Deus e disseram: Senhor, tu que fizeste o céu, a terra, o mar, e tudo o que neles há; que pelo Espírito Santo, por boca de nosso pai Davi, teu servo, disseste: Por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram coisas vãs? Levantaram-se os reis da terra, e as autoridades ajuntaram-se à uma, contra o Senhor e contra o seu Ungido. Porque verdadeiramente se ajuntaram, nesta cidade, contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, não só Herodes, mas também Pôncio Pilatos com os gentios e os povos de Israel; para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho predeterminaram que se fizesse. Agora pois, ó Senhor, olha para as suas ameaças, e concede aos teus servos que falem com toda a intrepidez a tua palavra, enquanto estendes a mão para curar e para que se façam sinais e prodígios pelo nome de teu santo Servo Jesus. E, tendo eles orado, tremeu o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com intrepidez a palavra de Deus.”
At 4.21-31

Oravam para que nenhum sofrimento os impedisse de glorificar a Cristo, de anunciá-lo com coragem e determinação – o Cristo que eles viviam diariamente pela fraternidade solidária.

Oravam por missão!
Para além da Igreja que está sob perseguição, não há sinal de que essa Igreja ainda exista!



A IGREJA QUE NÃO EXISTE MAIS (4)

O que existe?

- A Comunhão dos santos existe na realidade da Igreja invisível. Mas, que relevância tem na história uma igreja invisível?

- Ajuntamentos cúlticos – há os que procuram se pautam pela Bíblia, e os que nem tanto.

- Instituições – (muitas e cada vez mais) há as que ainda tentam ser apenas um odre para o vinho, e as que nem tanto.

- Discursos sobre Cristo e sua obra – há os que falam sobre Jesus, segundo a Bíblia, e os que nem tanto.

- Conversões pessoais – há as que trazem marcas do Novo Testamento, e as que nem tanto.

- Missionários – há os que pregam a Cristo, sua morte e ressurreição, e os que nem tanto. O apoio ao missionário está mais para esmola do que para sustento.

- Ação social – há as que querem emancipar o pobre, por amor a Cristo, e as que nem tanto.

- Pastores e Lideres – há os que tentam alcançar o padrão dos presbíteros do Novo Testamento, e os que tanto menos.

- Títulos - em profusão, constratanto com a escassez de irmãos.

- Orações - principalmente, por necessidades materiais, sociais e de cura, que parecem não ser respondidas, pelo menos, não a contento.

- Milagres – (mas pessoais) a misericórdia divina continua se manifestando, porém, não se entende mais o princípio de sua ação.

- Ministérios – há os que são ministros (servos), e os que nem tanto.

- Riqueza – Instituições estão cada vez mais ricas, e há os que usufruem da mesma.

- Irmãos e irmãs que amam a Cristo e a Igreja, mas que estão cada vez mais confusos sobre o que estão assistindo – e há, cada vez mais, um amor em crise.

E ecoa a voz do Cristo: Contudo quando vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra? (
Lc 18.8)

Talvez, ainda haja tempo de pedir perdão!

domingo, 26 de julho de 2009

Sarau da Comuna

Estive neste último sábado, 25/07 no Sarau da Comuna, evento que reune artistas cristãos de diversas áreas da arte, organizado pela Comunidade de Jesus. Lá pude encontrar alguns amigos e conhecer diversos artistas que eu não conhecia pessoalmente.
João Alexandre, Gerson Borges, Jorge Camargo, Diego Venâncio, Fabinho Silva, Telô Borges, Wanda Sá, Roberto Diamanso, foram alguns dos que passaram por lá.
As canções e composições desses irmãos são simplesmente divinas. Ao ouvir cada dedilhar de João, cada verso de Diamanso, minha alma se agitava dentro de mim como que se cada palavra e melodia as tivesse atingido. Temos um verdadeiro tesouro no corpo de Cristo!
Espero sinceramente que os trabalhos desses irmão se façam ouvir no meio da igreja institucionalizada, pois embora eu os chame de artistas, na verdade, são os verdadeiros profetas que usam sua arte e inspiração para comunicar os valores do Reino e o amor do Pai.
Quem ainda não conhece esse pessoal, use o google e não perca mais tempo!


sábado, 4 de julho de 2009

A sala do consultório

Em alguns textos o pastor Ricardo Gondim me transporta para a realidade que está decifrando. O texto abaixo é um deles. Concordo em gênero, número e grau.

Detesto esperar por médico. No Brasil, marca-se uma consulta para as três horas para ser atendido às quatro. Essa falta de consideração com os pacientes já é cultural. Mas pior, pior mesmo, é ser obrigado a ler revistas espalhadas pelas poltronas plásticas. E saber como os ricos e famosos comem, dormem e transam.


Não há suplício maior para quem já está doente. Haja estômago!Não suporto as fotos posadas de endinheirado querendo exibir salas, potros, malas e novos amores. Todas parecem falsas, com um retoque de mentira; parecem flor artificial em penteadeira de lupanar. Todavia, vencido pelo tédio do atraso médico, fraquejo e começo a folhear as revistas velhas (porque os consultório só têm revista velha?)

O estômago embrulha com os casamentos luxuosos, com os iates, com as viagens a Bariloche. Não suporto os risos marmorizados. Acho difícil engolir a farsa pequeno-burguesa. Nessas revistas – algumas possuem ilha e castelo – o paraíso fica pertinho. E retratado com quatro cores. Ninguém sofre – riquinho não chora, só se chateia –, ninguém se angustia, ninguém toma ansiolítico. Nenhum é mau marido. Nenhum sonega imposto. Pelo rosto, dá para imaginar como as mulheres são ótimas na cama (?!?!).

Os apaniguados da injustiça social são grandes ingênuos. Não atinam para o ridículo que se expõem. Talvez saibam que não estão sós. O povaréu os admira porque também quer escapar da crueldade da existência. A verdade que agride é igualitária. E as revistas vendem. Existe uma multidão que ambiciona ganhar o dinheiro que os bacanas ostentam. A Grande Farsa seduz. O que importa? Nem que seja em sonho, o povão quer aquela irrealidade. Auto-enganar-se em uma ilha grega parece bem melhor do que nas praias sujas e lotadas das grandes cidades. O que é melhor, beber conhaque em copo de geléia ou vinho francês em taça de cristal?

Os sortudos servem, assim, de espelho. A plebe fascinada se projeta na ilusão. O Céu parece plausível. E fica ali, pertinho. O Nirvana se realiza todas as semanas. A Cidade Celestial desce à terra em cada edição. Antes de morrer, alguns já entraram pelos Portões de Pérola, não há dúvida. Ao povaréu, resta rezar, orar, dar o dízimo, apelar para santo Expedito, obedecer aos conselhos do apóstolo. Talvez, um dia, experimentem o mesmo ócio bendito.

Igrejas neopentecostais, loterias, revistas de fofoca, são a mesma coisa. Todos prometem à ralé a sublime graça de gargalharem enquanto o restolho humano trabalha, sofre e agoniza. De agora em diante, escolherei médico pelas revistas que disponibilizar no consultório. Ando empapuçado com promessa religiosa e com novo rico metido a besta.

Soli Deo Gloria