quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Coisas que eu gostaria de dizer para algumas pessoas:

- Você pode recolher o cocô do seu cachorro, pois a calçada não é privada de animal?

- Qual parte da frase "É proibido fumar" você não entendeu?

- Você estaciona em vaga de idoso e deficiente por que não sabe ler os símbolos ou se faz de tonto mesmo?

- Você realmente acredita que as pessoas gostam de ouvir o som alto do seu carro?

- Se você vive em São Paulo, sabe que quando chove as ruas alagam, por que joga lixo e entulho na rua?

- Você comprou essa vaga na rua para colocar esse cone? Quanto custou e onde posso comprar uma?

- Dá para esperar eu descer antes de você entrar no trem?

- Tá, eu não gosto de cerveja, qual o problema?

- Eu pedi o refrigerante com gelo e sem limão. Você trouxe com gelo e limão. Você ganha comissão do cara que vende os limões?

- Por que você me pergunta novamente todos os números que acabei de digitar no atendimento eletrônico antes de chegar até você?

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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Enriquecedor!

O que temos hoje basta? Uma reflexão sobre “os evangélicos” no Brasil pós-1985

Por Joanildo Burity

Há alguns dias o pastor Ricardo Gondim publicou um provocativo texto sobre o que, num mundo contrafactual, seria um país governado – ou antes controlado – por evangélicos. Texto forte e corajoso, que dá a pensar e sobretudo permite fazermos um balanço do tipo de publicização religiosa produzida pela presença evangélica na política e na cultura brasileira do período pós-ditadura. Concordo inteiramente com o tom geral da provocação e com as preocupações expostas, mas discordo do tom geral do texto. Compreendo que o estilo polêmico e a ironia são formas eficazes de abrir uma discussão, sacudir a complacência de discursos politicamente generosos vindos de dentro e de fora do campo religioso, e apontar possibilidades não-desejadas de influência religiosa na sociedade brasileira. Mas é preciso dizer mais do que isso. É preciso nomear onde o problema está. É preciso avaliar a promessa da politização evangélica dos anos 1980 e onde estamos hoje. O que temos basta? Concordo com Gondim com um rotundo “NÃO”. Por isso é necessário irmos mais fundo. Que tal refletir sobre uma trajetória?

Começo pelo recurso da generalização, que pode cumprir a indesejável função de um tiro no pé. Gente como Gondim mostra que "os evangélicos" é uma generalização que temos de resistir seriamente. Mostra que "os evangélicos" é o nome de um projeto político-cultural, inspirado em teologias e práticas conservadoras (algumas francamente reacionárias e outras mesmo fascistas), tradicionais e pentecostais, que tomou de assalto o campo protestante nas últimas duas décadas e meia, mas que não é toda a história. Tal projeto decorre de duas fontes principais. Primeiro, a recentíssima onda de politização evangélica se ancora num contingente de pessoas majoritariamente sem experiência de participação social e política, sem formação política (de cunho acadêmico ou teológico-pastoral). Inexperiência e falta de recursos simbólicos para compreender, analisar e posicionar-se nos debates que a complexa situação social contemporânea coloca leva a que, de um lado, os neo-politizados escudem-se nos modelos à sua disposição – da rejeição principista à adesão “realista” à política da troca e do favor a distância é fundamentalmente apenas de atitude; de outro lado, adotam um biblicismo primário que crê encontrar modelos prontos e diretivas diretas, transhistóricas e sem necessidade de mediação, entre a Bíblia e as questões sociais, políticas, econômicas, ambientais, de hoje. De um lado, politização sem socialização política, de outro, discurso ético-político sem mediações históricas e teológicas. Nenhuma das fontes é particularmente propícia a uma política interessada na realidade e assentada em valores radicais de pluralidade, liberdade e igualdade.

Segundo, o caráter fortemente institucionalizado e clerical da politização evangélica reflete uma teologia popular que não favorece separações ou distinções entre o mundo espiritual e o mundo material, o céu e a história, a igreja e a política. Tudo é avaliado desde a perspectiva espiritual e pode levar à radical rejeição do mundo, com consequente alienação política, ou a um engajamento que crê possível alinhar o mundo aos padrões morais e espirituais da comunidade de fé. A minoria religiosa se apresenta assim como portadora de um projeto para toda a sociedade, mas o conteúdo desse projeto é apenas a expansão em larga escala das práticas eclesiais vigentes. Politização que produz instâncias de planejamento, investimento financeiro e controle político da atuação eleitoral dos evangélicos (os “conselhos políticos”), que reproduz modelos empresariais de conquista de mercados, e que se ancora na autoridade última de bispos e pastores como oráculos da verdade e guias infalíveis, é mais do que a comparação com a Genebra de Calvino permite: não é um retrocesso a um mundo pré-moderno, mas envia sinais de uma incômoda contemporaneidade com a transformação de todas as relações sociais segundo a lógica privada e não-democrática do mundo empresarial. Falta a noção de que o espaço público se constitui de uma pluralidade irredutível e é regulado por noções de direitos e justiça, onde o reconhecimento do outro e a negociação de demandas, interesses e projetos é uma exigência permanente.

Ora, não é preciso muito para entender a ambiguidade deste projeto e sua real possibilidade de aplicações autoritárias. Conhecendo a sanha punitiva, a retórica intolerante e a prática política em pouco distinta da tradição conservadora brasileira (com seus laivos de patrimonialismo, corporativismo e corrupção – já sobejamente demonstrados no comportamento de numerosos parlamentares evangélicos desde a bancada federal de 1986 e seu voto pelos cinco anos para o mandato de Sarney), certamente há motivos para preocupações.

Mas evangélicos como Ricardo Gondim também mostram que há pensamento crítico, prática social comprometida, gosto pela liberdade e pela pluralidade de formas de vida. Somente pessoas muito limitadas em sua experiência do mundo, fechadas num provincianismo que ignora suas próprias fontes (afinal, sejam elas "a cultura do Norte" ou a longa tradição judaico-cristã, estamos falando de uma longa história, multiétnica, multicultural, pluriideológica, onde ninguém jamais estará autorizado a afirmar que só há um modo de ser cristão) agem da forma como Ricardo condena. Ele está certo porque de fato esses "evangélicos" existem, aos milhares e, perigosamente, em maioria entre nossos representantes eleitos. Mas está errado ao adotar – ainda que polemicamente – o termo generalizante, “os evangélicos”, que dá a entender que o avanço público de visibilidade e participação entre os evangélicos ocorrido nos últimos tempos só pode levar a uma espécie de totalitarismo moreno. Os pentecostais, os carismáticos e os tradicionais evangélicos são muito mais plurais do que isso. Evangélicos Pela Justiça, dezenas de ONGs evangélicas, o abençoado trabalho de fermentação teológica e solidariedade militante do movimento ecumênico (institucionalizado ou não, com ou sem os “evangelicais”), a orientação pastoral de algumas denominações, a experiência concreta de centenas de igrejas/congregações/paróquias/grupos de cristãos e cristãs locais, nos apontam não poucos exemplos de que o protestantismo brasileiro não é a mesma coisa que "os evangélicos" e que não precisaríamos temer o cristianismo destes.

Gondim esperou quinze anos para se pronunciar, como disse. Propus aqui voltar mais ainda, a 1985. Duas décadas e meia depois, talvez seja o momento de insistir na categoria “protestante”. Pois admito e defendo que há um dissenso a ser invocado e uma luta a travar. Precisamos mais do que de polêmica e ironia: precisamos de uma "disputa hegemônica" com esses "evangélicos" que seja capaz de mudar suas ideias e práticas, neutralizar suas investidas autoritárias e intolerantes, ou se necessário denunciar publicamente suas práticas e inconsequências. Isto não precisa ser feito no espírito de cruzada tantas vezes repetido para dentro tanto quanto para fora das igrejas cristãs. Precisamos acreditar que valores como amor ao próximo, perdão e reconciliação e liberdade cristã, imbuídos de uma espiritualidade crítica e orientada para o mundo aprendida dos profetas bíblicos e de Jesus, nos ajudarão a somar forças com pessoas de várias e nenhuma religião na tarefa infinitamente mais complexa e dura de transformar o mundo. Precisamos submeter tais valores ao crivo da sua aplicabilidade e de sua particularidade numa sociedade plurirreligiosa, pluricultural e pluri-ideológica. Invocar a herança protestante, o “princípio protestante” de que falou Tillich, e salientar a prática efetiva de pessoas e organizações no mundo evangélico que já estão comprometidas com isso, aqui e agora, começando por Gondim, é o mínimo que os evangélicos que não somos como “os evangélicos” podemos fazer. Reacender o dissenso, organizar a resposta à generalização de uma ética sectária como sinônimo de presença cristã no mundo, e articular uma linguagem que ao mesmo tempo dê conta dos desafios do século 21 e ousadamente insista na contemporaneidade dos valores e narrativas cristãs é um pequeno programa para escapar ao terrível, chato e monocromático mundinho dos “evangélicos”.

http://www.novosdialogos.com/artigo.asp?id=397

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

"Deus nos livre de um Brasil evangélico"

Ao ler esse texto do Ricardo Gondim percebi o quanto mudei nos últimos 3 anos. Há 5 anos atrás, se eu me deparasse com esse texto "amarraria" a "heresia" desse pastor e o chamaria de "metido a intelectual"!
Essa pobreza de espírito, me dei conta agora, faz parte dessa cultura chamada de "evangélica". Quanto mais medito no que chamamos de Movimento Evangélico, e fiz parte dele, mais eu chego a conclusão que alguns milhares de kilometros separam tal movimento dos ensinamentos de Jesus Cristo.
A crítica abaixo, serve para pensar. E realmente, o que temos visto quando esse movimento chega ao poder não é muito animador.
Continuo crendo e amando a Jesus sem reservas, continuo amando a Igreja (como corpo de Cristo e não instituição), mas depois de muito caminhar por esse "movimento" posso dizer que prefiro seguir minha caminhada com Deus fora dele.

Deus nos livre de um Brasil evangélico
Ricardo Gondim


Começo este texto com uns 15 anos de atraso. Eu explico. Nos tempos em que outdoors eram permitidos em São Paulo, alguém pagou uma fortuna para espalhar vários deles, em avenidas, com a mensagem: “São Paulo é do Senhor Jesus. Povo de Deus, declare isso”.

Rumino o recado desde então. Represei qualquer reação, mas hoje, por algum motivo, abriu-se uma fresta em uma comporta de minha alma. Preciso escrever sobre o meu pavor de ver o Brasil tornar-se evangélico. A mensagem subliminar da grande placa, para quem conhece a cultura do movimento, era de que os evangélicos sonham com o dia quando a cidade, o estado, o país se converterem em massa e a terra dos tupiniquins virar num país legitimamente evangélico.

Quando afirmo que o sonho é que impere o movimento evangélico, não me refiro ao cristianismo, mas a esse subgrupo do cristianismo e do protestantismo conhecido como Movimento Evangélico. E a esse movimento não interessa que haja um veloz crescimento entre católicos ou que ortodoxos se alastrem. Para “ser do Senhor Jesus”, o Brasil tem que virar "crente", com a cara dos evangélicos. (acabo de bater três vezes na madeira).

Avanços numéricos de evangélicos em algumas áreas já dão uma boa ideia de como seria desastroso se acontecesse essa tal levedação radical do Brasil.

Imagino uma Genebra brasileira e tremo. Sei de grupos que anseiam por um puritanismo moreno. Mas, como os novos puritanos tratariam Ney Matogrosso, Caetano Veloso, Maria Gadu? Não gosto de pensar no destino de poesias sensuais como “Carinhoso” do Pixinguinha ou “Tatuagem” do Chico. Será que prevaleceriam as paupérrimas poesias do cancioneiro gospel? As rádios tocariam sem parar “Vou buscar o que é meu”, “Rompendo em Fé”?

Uma história minimamente parecida com a dos puritanos provocaria, estou certo, um cerco aos boêmios. Novos Torquemadas seriam implacáveis e perderíamos todo o acervo do Vinicius de Moraes. Quem, entre puritanos, carimbaria a poesia de um ateu como Carlos Drummond de Andrade?

Como ficaria a Universidade em um Brasil dominado por evangélicos? Os chanceleres denominacionais cresceriam, como verdadeiros fiscais, para que se desqualificasse o alucinado Charles Darwin. Facilmente se restabeleceria o criacionismo como disciplina obrigatória em faculdades de medicina, biologia, veterinária. Nietzsche jazeria na categoria dos hereges loucos e Derridá nunca teria uma tradução para o português.

Mozart, Gauguin, Michelangelo, Picasso? No máximo, pesquisados como desajustados para ganharem o rótulo de loucos, pederastas, hereges.

Um Brasil evangélico não teria folclore. Acabaria o Bumba-meu-boi, o Frevo, o Vatapá. As churrascarias não seriam barulhentas. O futebol morreria. Todos seriam proibidos de ir ao estádio ou de ligar a televisão no domingo. E o racha, a famosa pelada, de várzea aconteceria quando?

Um Brasil evangélico significaria que o fisiologismo político prevaleceu; basta uma espiada no histórico de Suas Excelências nas Câmaras, Assembleias e Gabinetes para saber que isso aconteceria.

Um Brasil evangélico significaria o triunfo do “american way of life”, já que muito do que se entende por espiritualidade e moralidade não passa de cópia malfeita da cultura do Norte. Um Brasil evangélico acirraria o preconceito contra a Igreja Católica e viria a criar uma elite religiosa, os ungidos, mais perversa que a dos aiatolás iranianos.

Cada vez que um evangélico critica a Rede Globo eu me flagro a perguntar: Como seria uma emissora liderada por eles? Adianto a resposta: insípida, brega, chata, horrorosa, irritante.

Prefiro, sem pestanejar, textos do Gabriel Garcia Márquez, do Mia Couto, do Victor Hugo, do Fernando Moraes, do João Ubaldo Ribeiro, do Jorge Amado a qualquer livro da série “Deixados para Trás” ou do Max Lucado.

Toda a teocracia se tornará totalitária, toda a tentativa de homogeneizar a cultura, obscurantista e todo o esforço de higienizar os costumes, moralista.


O projeto cristão visa preparar para a vida. Cristo não pretendeu anular os costumes dos povos não-judeus. Daí ele dizer que a fé de um centurião adorador de ídolos era singular; e entre seus criteriosos pares ninguém tinha uma espiritualidade digna de elogio como aquele soldado que cuidou do escravo.

Levar a boa notícia não significa exportar uma cultura, criar um dialeto, forçar uma ética. Evangelizar é anunciar que todos podem continuar a costurar, compor, escrever, brincar, encenar, praticar a justiça e criar meios de solidariedade; Deus não é rival da liberdade humana, mas seu maior incentivador.

Portanto, Deus nos livre de um Brasil evangélico.


Soli Deo Gloria
7-02-11

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Eu "me inrrito" com...

A raposa Sarney.

O filhote da raposa Ministro de Minas e Energia Edson Lobão.

O presidente da CBF Ricardo Teixeira.

O presidente do COB Artur Nusman.

O ministro da educação Fernando Haddad.

A TV aberta.

José Serra.

José Dirceu.

Telefonica.

Transporte público de SP.

Trânsito de SP.

Raposas vestidas de cordeiros.

Nossa... fiquei irritado só de escrever!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Gabriela

Ainda não a vi, mas já senti seus primeiros movimentos. Confesso que ainda fico desconcertado cada vez que a realidade da primeira paternidade se apresenta diante de mim.

Esses momentos de espera são mágicos! 9 meses. Já se passaram 5, quase 6, e a proximidade do grande dia produz em mim um sentimento indescritível. A falta de sentido, produto das perplexidades da vida, transformou-se em pleno sentido!

Semear e colher, gerar e nascer... Deus realmente caprichou! O mistério da vida é assombroso!

Gabriela é assombrosamente maravilhosa!

Nunca senti Deus tão perto.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Voltei!

Sim, finalmente apareci e pretendo retomar minha blogueiragem. Deixei o layout mais alegre e espero divulgar novos posts em breve!

Até.