quinta-feira, 28 de maio de 2009

Há esperança

Nesta semana, o Jornal Nacional (rede Globo) está mostrando uma série de reportagens sobre alguns trabalhos sociais das igrejas evangélicas do Brasil. Os trabalhos mostrados são todos de igrejas "históricas", pelo menos até hoje, quinta-feira. Deixando de lado a crítica de pensar o que a Globo está querendo com isso, embora, creia que encontraram uma forma de cutucar a "neopentecostal" (ou seja lá o que for) Universal, as reportagens que assisti até agora mexeram comigo.

Em uma delas, um pastor Metodista, faz um maravilhoso trabalho "debaixo da terra" em um bairro do centro de São Paulo, fornecendo banho, cama, comida e abrigo a pessoas que viviam nas ruas. Debaixo da terra porque o local fica literalmente no subterrâneo de uma rua. Lá esse pastor enfrenta todos os demônios que a maioria dos pastores não gostam de enfrentar, e não enfrenta com uma "oração forte", mas com amor, carinho, atenção e dedicação. Os frutos desse trabalho são inumeros, mas o jornal destacou um ex-morador de rua, mergulhado nas drogas que foi transformado pelo poder de Deus através desse trabalho. Hoje é casado, pai de uma filha, tem um trabalho digno e tem onde morar.

Hoje mostrou o trabalho dos Batistas e Adventistas com crianças em situação de risco, cuja as guardas fora retirada de seus pais. Não estou aqui enaltecendo essas instituições, mas sim as pessoas que se dedicam para serem sal e luz na vida de crianças tão sofridas.

Bom, ver essas reportagens me encheu de esperança. Fiquei emocionado. Há esperança. Agradeci a Deus, pois vi que existe seriedade no meio evangélico. Eu já estava meio cético. Sei que alguns vão pensar: "nossa, tudo isso por causa de uma reportagem... ainda mais da Globo"; mas não estou nem aí. Ver essas pessoas abnegadas, cheias do Amor de Deus, me deu sede e fome de justiça. Quero permanecer assim e me inspirar com esses exemplos.

Tomara que todos os cristãos brasileiras tenham visto e mirem-se nesses exemplos. Mas, acima de tudo, ainda há esperança.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Desconstrução

Li esse texto e confesso que expressou com muita clareza tudo o que tenho pensado nos últimos tempos... não resisti, por isso, resolvi postá-lo. Espero que gostem.

Não quero reformar nada! Não quero reformar ninguém! Apenas quero desconstruir minha religião e dar-me a oportunidade de começar novamente. Do zero! Quero aprender a orar porque suspeito que nunca aprendi em todos esses anos de eloquentes orações entonadas no conjunto de súplicas adornadas de lindos verbos.

Tenho a ligeira impressão de que todas as vezes em que falei em línguas na roda de oração para fazer notório o meu nível espiritual, não me valeram de edificação alguma. E que minhas devocionais carregadas de desânimo e obrigação para com a minha "consagração" no ministério de louvor não resultaram em nenhuma intimidade com Deus!

Quero desfazer de tudo que sei, ou que penso saber, e de tudo que não sei, e penso não saber, para aprender paulatinamente através de uma busca sincera, paciente, desobrigada, verdadeiramente motivada e autêntica, tudo quanto preciso, quanto quero e quanto me é essencial na jornada da fé.

Quero despojar-me dos manuais religiosos, das doutrinas inquestionáveis, das tradições incoerentes e da estupidez e falácia da religião. Quero duvidar de tudo e de todos, porque minha alma contorce pela verdade e tem sede de justiça. Quero abrir os meus olhos e enfrentar o ardor da luz cortante da revelação. Quero ficar cego por um tempo em virtude do impacto que a luz da verdade traz. Ficar cego para o enlatado evangélico, cego para o cauterizado cristianismo institucional. Quero ficar cego para as fórmulas instantâneas da fé, da sua comercialização e do abuso espiritual. Quero recobrar a visão aos poucos. Enxergar com sanidade a vida, as pessoas, a família, os amigos, o futuro, o presente e o passado. Quero aprender a enxergar tudo que enxergava errado. Usar minha visão pela primeira vez!

Quero me desviar dos caminhos da "i"greja que não segue o Caminho de Cristo. E andar na contra-mão desse sistema religioso elaborado sobre outro fundamento que não Jesus, a Rocha Viva. Quero tirar a capa que me identifica como "cristão" com o emblema da cruz para vestir-me de amor pelo próximo e por esse amor ser conhecido como discípulo de Cristo. E carregar não o emblema da cruz, antes, tomá-la dia após dia em meus ombros e renunciar à volúpia e morrer para o pecado.

Quero fugir dos grandes eventos de milagres e shows da fé, patrocinados por sórdida ganância e puro estrelismo. E me juntar aos homens de Deus presenteados com o dom da cura que trocam o palco pelo corredor dos hospitais. Que ao invés de pedirem que vão a eles, se disponhem a IR aos que necessitam. Cansei de viver sob maldição financeira! E, agora, não gasto meu dinheiro patrocinando esse sistema putréfulo de escravizar a fé dos pequeninos. Não quero participar de tal infâmia! Que o pouco que tenho sirva não ao luxo dos templos e de seus donos, mas, aos que realmente necessitam da minha fidelidade financeira resultante da confiança no Jeová Jiré. E não da ameaça pastoral de maldição da pobreza versus prosperidade.

Quero ser livre para pecar! E da mesma maneira não pecar por entender que não me convém. Mas, se o desejo do pecado ronda a minha mente e não peco por causa da pressão de ter que me consagrar no ministério da "i"greja, que pobre que sou. Porque ainda não seria livre do pecado, mesmo não o praticando... Quero aprender a conduzir meu estilo de vida como resposta de gratidão à aceitação e perdão de Cristo, não como regras e proibições eclesiásticas que não tem efeito nenhum contra o pecado.

Estou desconstruindo a minha fé míope e doente para cultivá-la de forma autêntica, sincera, humana e verdadeira. Estou disposto a arriscar minhas crenças pelo conhecimento da verdade eterna, de modo, que mesmo vendo-a como em espelho, possa um dia conhecê-la completa assim como sou conhecido. Se para encontrar o Deus que está estampado no caráter de Cristo, me tornar necessário descrer do Deus pregado, e tornar-me ateu, que assim seja. E que possa, conhecê-Lo de forma pura, única, pessoal e intransferível.

Quero derrubar meus pilares espirituais porque não sei de onde vieram. Estavam lá no discurso e na retórica que pseudonimamente aceitei como sendo Jesus Cristo. Agora, nego a cartilha que reza, nego a teologia pronta que engoli e dou-me a oportunidade de aceitar, de fato, Cristo meu Senhor e Salvador, pura e simplesmente.Se fosse possível voltar ao ventre de minha mãe e carregar em meus genes a luz que agora vejo, para que ao nascer, soubesse desviar dos caminhos que para o homem parecem bons, poderia começar de novo sem incongruências e inverdades ludibriosas.

Talvez, só agora tenha entendido o que significa "nascer de novo"...

Autor: Thiago Mendanha (blog Tomei a Pilula Vermelha em "eu recomendo")

domingo, 24 de maio de 2009

Em "Balanço"

Há algum tempo tenho feito um balanço de minha vida como cristão. Esse balanço é fruto de um cansaço insuportável do que me tornei depois de 10 anos de minha conversão. Além da Salvação e Libertação proporcionadas por Cristo em sua infinita misericórdia em minha vida, pude cursar uma faculdade, ter um ótimo emprego, me casar e ver minha família sendo restaurada. Além disso, na igreja onde congregava fui muito feliz, pois conheci pessoas maravilhosas e pude contribuir um pouquinho na vida de cada pessoa que cruzou o meu caminho.

O leitor dessa postagem deve estar se perguntando: Então o por que do balanço? Você é bobo ou quer um conto?

Conheci a Cristo de uma forma maravilhosa. Foi no meu quarto, na presença de um amigo que tanto me falava de um Amor que eu jamais houvera conhecido. Simplesmente eu não compreendia esse amor. Porém, esse amigo, mais do que falar, me Amou. Amou com esse Amor. Derramou lágrimas em oração pela minha vida. E como fruto disso, pode presenciar o maravilhoso momento em que me entreguei a esse Jesus que tanto me amara na pessoa desse meu amigo. Me entreguei por inteiro. Sem reservas. De forma pura e completa ao ponto de que se me dissessem que era necessário pular em um abismo para encontrá-Lo lá eu iria. Me sentia como um diamante bruto, uma criança que acabara de nascer.

Sai desse encontro como uma chama acesa. Não conseguia me conter, queria contagiar a todos os que cruzavam o meu caminho. Consegui contagiar alguns. Logo fui para uma igreja e... bom... aqui começa o motivo do balanço.

Resumidamente, como disse acima, fui muito feliz. Coisas maravilhosamente boas me aconteceram, conforme descrevi no início. Porém, antoganicamente, nesse mesmo lugar em que vivi tantas bençãos, também recebi marcas que me tornaram alguém diferente do alvo que eu tinha que era ser um pequeno cristo. Basiei minha fé em experiências espirituais particulares de alguns líderes, em visões e revelações fantasiosas, em fórmulas mágicas. Pratiquei "atos proféticos" que não tinham sentido algum para a realidade sob o pretesto de que estava "movendo o mundo espiritual". Me tornei preconceituoso, intolerante e exclusivista em relação as demais pessoas que não andavam de acordo com aquilo que eu acreditava ser a verdade. Vi uma máquina religiosa funcionando baseada em um fundamento econômico que pouco tem a ver com os ensinamentos de Cristo. Vi pessoas sendo feridas e humilhadas por não se enquadrarem no modelo estabelecido em minha igreja. Participei de um projeto que visava estabelecer o Reino de Deus entre as nações, mas que não conseguiu nem transformar o caráter de seus participantes. Aprendi a orar incessantemente de forma mecânica, principalmente em linguas estranhas, sob o pretesto de estar edificando o meu espírito e "movendo" o mundo espiritual.

Porém, Deus, em sua infinita misericórdia, em meio a tudo isso, sempre falou comigo. Sabia a intenção do meu coração e o meu desejo de agradá-lo.

Há cerca de 2 anos, tudo o que relatei acima acabou. Acredito que devido ao fato de ter se tornado insuportável, tanto para Deus, quanto para algumas pessoas. E para quem estava acostumado a ouvir a Deus em meio a todas essas coisas veio derrepente o silêncio. O silêncio de Deus, que hoje acredito que não é silêncio. Apenas, nossos ouvidos foram tampados, para que apenas vejamos. Vejamos o que está explicito, gritante e que sempre ignoramos: Deus não despresa o abatido e contrito de coração.

Esse é o balanço.

Hoje vejo Deus, quando ando nas ruas. Vejo-o nos esquecidos e marginalizados, nos refugiados de guerra, nos doentes nas filas dos hospitais que clamam por ajuda, nos famintos nas esquinas, no pai de família desesperado devido ao desemprego, na mãe solteira que sai cedo para trabalhar e deixa seus filhos pequenos entregue à sorte. Vejo-o nas crianças violentadas, em situação de risco refugiadas em abrigos e orfanatos. Lembro-me do que está escrito: tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber, estive frio e nu e não me cobriste... se fizeres o bem a algum dos pequeninos estarás fazendo a mim.

Como fruto desse balanço, passei a enxerga-Lo por outro ângulo. Mais real, mais claro, mais humando, através de um Cristo que humanizou-se abrindo mão de ser Deus por Amor ao homem. Amor esse inexplicável, inteligível, mas acessível a todos os que se achegarem a Ele.
Tenho lutado para me tornar uma pessoa melhor. Um pequeno Cristo. E pra isso, sou totalmente dependente Dele, pois ao vê-lo no outro ainda não sei como agir direito, faço um esforço danado pra fazer algo que diante da necessidade fica pequeno, mas acredito que esse é o caminho.

Desculpem a lacuna e o tempo longo sem postar. É que tudo o que escrevi acima está em ebulição dentro de mim e ainda não sabia como expressar. Aliás, nem sei se consegui me expressar direito.

domingo, 3 de maio de 2009

Cristianismo x Egoísmo

A cada dia que passa fico mais "escandalizado" com a postura de alguns evangélicos em relação à vida aqui na Terra. Outro dia, em uma situação na empresa em que trabalho, onde em um setor que conta com oito pessoas, uma foi acometida de uma enfermidade e a outras duas sofreram acidentes automobolísticos, ouvi o seguinte comentário de uma evangélica: - viu, na minha sala só sobrou eu, graças a Deus.

Ouvir isso doeu na minha alma. Fiquei pensando se Deus pensava assim também e se a frase dela fazia algum sentido cristão. Lembrei da parábola do bom samaritano. É como se o bom samaritano, ao ver o caído necessitando de ajuda, dissesse: - ainda bem que não foi comigo!
O que mais dói é que isso não é apenas uma opinião particular dela. Esse tipo de postura é praticamente doutrina em sua denominação. Aliás, esse tipo de postura é a que está em voga em boa parte dos tele-evangelistas. A compaixão e o amor dão lugar a uma espécie de "egoísmo cristão" que é muito parecido com a postura dos fariseus contemporâneos de Jesus.

Tenho um amigo que em função de seu trabalho conhece e as vezes até convive com as principais lideranças evangélicas do Brasil. Não quero aqui fazer nenhum tipo de juízo de valor sobre essas lideranças, por isso, não entrarei nos pormenores do que ouço e que me entristece profundamente. O fato é que esses líderes, com seus mega-ministérios, movimentam grandes quantias de dinheiro e justificam a necessidade de se obter mais recursos com o fato do imperativo de fazer a obra de Deus. Comparam seus ministérios ao ministério de Jesus quando esteve em carne entre os homens. Quantos mais milagres acontencem em seus ministérios, mais fortalecidos se sentem para justificar suas práticas. Os valores e ensinamentos de Jesus, muitas vezes, pouco importam.

Trabalhos comunitários, sociais, educacionais, que promovam a saúde, que humanizem os desumanizados, que evangelizem pela demonstração do poder de Deus que produz em nós os frutos do Espírito Santo que segundo a bíblia, no livro de Gálatas, são: "amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei." (por que será que não vemos milagres nessa lista?), são a realidade de poquíssimas comunidades cristãs.

Frases como: "sou filho do Rei", "sou cabeça e não calda", "fui chamado para reinar sobre as nações", expressam apenas uma das doenças que tem acometido a igreja evangélica, o egoísmo.
Espero, de todo meu coração, que sejamos curados. E acredito que essa cura começa no despertar de nossa conciência diante de toda essa loucura que está a kilometros de distância da simplicidade do evangelho de Cristo. Simplicidade esta, que preciso encontrar novamente.

A Ele a glória!