domingo, 24 de maio de 2009

Em "Balanço"

Há algum tempo tenho feito um balanço de minha vida como cristão. Esse balanço é fruto de um cansaço insuportável do que me tornei depois de 10 anos de minha conversão. Além da Salvação e Libertação proporcionadas por Cristo em sua infinita misericórdia em minha vida, pude cursar uma faculdade, ter um ótimo emprego, me casar e ver minha família sendo restaurada. Além disso, na igreja onde congregava fui muito feliz, pois conheci pessoas maravilhosas e pude contribuir um pouquinho na vida de cada pessoa que cruzou o meu caminho.

O leitor dessa postagem deve estar se perguntando: Então o por que do balanço? Você é bobo ou quer um conto?

Conheci a Cristo de uma forma maravilhosa. Foi no meu quarto, na presença de um amigo que tanto me falava de um Amor que eu jamais houvera conhecido. Simplesmente eu não compreendia esse amor. Porém, esse amigo, mais do que falar, me Amou. Amou com esse Amor. Derramou lágrimas em oração pela minha vida. E como fruto disso, pode presenciar o maravilhoso momento em que me entreguei a esse Jesus que tanto me amara na pessoa desse meu amigo. Me entreguei por inteiro. Sem reservas. De forma pura e completa ao ponto de que se me dissessem que era necessário pular em um abismo para encontrá-Lo lá eu iria. Me sentia como um diamante bruto, uma criança que acabara de nascer.

Sai desse encontro como uma chama acesa. Não conseguia me conter, queria contagiar a todos os que cruzavam o meu caminho. Consegui contagiar alguns. Logo fui para uma igreja e... bom... aqui começa o motivo do balanço.

Resumidamente, como disse acima, fui muito feliz. Coisas maravilhosamente boas me aconteceram, conforme descrevi no início. Porém, antoganicamente, nesse mesmo lugar em que vivi tantas bençãos, também recebi marcas que me tornaram alguém diferente do alvo que eu tinha que era ser um pequeno cristo. Basiei minha fé em experiências espirituais particulares de alguns líderes, em visões e revelações fantasiosas, em fórmulas mágicas. Pratiquei "atos proféticos" que não tinham sentido algum para a realidade sob o pretesto de que estava "movendo o mundo espiritual". Me tornei preconceituoso, intolerante e exclusivista em relação as demais pessoas que não andavam de acordo com aquilo que eu acreditava ser a verdade. Vi uma máquina religiosa funcionando baseada em um fundamento econômico que pouco tem a ver com os ensinamentos de Cristo. Vi pessoas sendo feridas e humilhadas por não se enquadrarem no modelo estabelecido em minha igreja. Participei de um projeto que visava estabelecer o Reino de Deus entre as nações, mas que não conseguiu nem transformar o caráter de seus participantes. Aprendi a orar incessantemente de forma mecânica, principalmente em linguas estranhas, sob o pretesto de estar edificando o meu espírito e "movendo" o mundo espiritual.

Porém, Deus, em sua infinita misericórdia, em meio a tudo isso, sempre falou comigo. Sabia a intenção do meu coração e o meu desejo de agradá-lo.

Há cerca de 2 anos, tudo o que relatei acima acabou. Acredito que devido ao fato de ter se tornado insuportável, tanto para Deus, quanto para algumas pessoas. E para quem estava acostumado a ouvir a Deus em meio a todas essas coisas veio derrepente o silêncio. O silêncio de Deus, que hoje acredito que não é silêncio. Apenas, nossos ouvidos foram tampados, para que apenas vejamos. Vejamos o que está explicito, gritante e que sempre ignoramos: Deus não despresa o abatido e contrito de coração.

Esse é o balanço.

Hoje vejo Deus, quando ando nas ruas. Vejo-o nos esquecidos e marginalizados, nos refugiados de guerra, nos doentes nas filas dos hospitais que clamam por ajuda, nos famintos nas esquinas, no pai de família desesperado devido ao desemprego, na mãe solteira que sai cedo para trabalhar e deixa seus filhos pequenos entregue à sorte. Vejo-o nas crianças violentadas, em situação de risco refugiadas em abrigos e orfanatos. Lembro-me do que está escrito: tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber, estive frio e nu e não me cobriste... se fizeres o bem a algum dos pequeninos estarás fazendo a mim.

Como fruto desse balanço, passei a enxerga-Lo por outro ângulo. Mais real, mais claro, mais humando, através de um Cristo que humanizou-se abrindo mão de ser Deus por Amor ao homem. Amor esse inexplicável, inteligível, mas acessível a todos os que se achegarem a Ele.
Tenho lutado para me tornar uma pessoa melhor. Um pequeno Cristo. E pra isso, sou totalmente dependente Dele, pois ao vê-lo no outro ainda não sei como agir direito, faço um esforço danado pra fazer algo que diante da necessidade fica pequeno, mas acredito que esse é o caminho.

Desculpem a lacuna e o tempo longo sem postar. É que tudo o que escrevi acima está em ebulição dentro de mim e ainda não sabia como expressar. Aliás, nem sei se consegui me expressar direito.

3 comentários:

Tammy disse...

Oi Fernando...mto bom o texto...
Acho que entendo sua "ebulição"

Abç
Tammy

Fernando Ruas Marques disse...

Obrigado Tammy.
Gostei do seu blog tb.
Abç

Tammy disse...

Ah!peguei a música do Gerson do seu Bolg, sempre toca la na Betesda mas eu não sabia de quem era....linda música..